será que




você poderia escrever todos os dias, mesmo que nunca fosse pra mim, só pra eu não me sentir tão sozinha?
só de imaginar a sua voz dando vida a cada palavra que escreve, eu consigo quase que me sentir numa conversa gostosa com você.
é que eu sinto saudade de vozes, sabe? e de barulhos... as músicas já não conseguem me preencher. porque eu me vejo dentro delas, como a protagonista. e assim, não é me acrescentado mais nada, como seria se fosse o pensamento de um outro projetado nas vozes ou nos barulhos... e não os meus próprios sons...
sinto saudade do barulho que a minha irmã faz quando toca o violão - ela está aprendendo.
sinto saudade do barulho das chaves do meu pai quando chega em casa.
sinto saudade do barulho dos estralos dos ossos da minha mãe - e eu descobri que os meus também estralam.
sinto saudade do galão de água da cozinha fazendo barulho quando solta bolha - o meu não faz isso.
sinto saudade até do ronco do meu pai. e do barulho que ele faz no colchão de molas quando se mexe à noite na cama.
sinto saudade do miado-latido da minha nenê pretinha quando me acorda pela manhã - essa saudade é uma das mais novas. mia é um novo amor.
eu estou te contando isso, porque eu queria conversar. e o ato de conversar envolve mais de uma pessoa. e eu queria que isso fosse uma resposta aos seus escritos anteriores - que nunca são e nem vão ser dirigidos a mim - pra que isso não virasse um monólogo.
fica o meu pedido.

beijos e abraços muito fortes, daqueles em que as almas se tocam.

um adendo rápido: acabei de ligar toda coitadinha pra minha terapeuta. e me senti bem pior do que eu já estava. sabe pedindo arrego? sou a pior pessoa do mundo. mas ainda sim, gostaria que você escrevesse, eu juro não passar, nem sem querer, toda essa negatividade pra você.

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